terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Matéria
Matéria, assunto que aprendemos em física logo quando começamos a estudá-la na educação básica. Matéria, aquele elemento que ocupa lugar no espaço e que, de alguma forma, existe. Matéria, aquela coisa constituída de partes menores, como os prótons, os nêutrons e os elétrons. Matéria, aquilo que varia conforme a temperatura e a pressão, podendo aparecer na forma gasosa, líquida, sólida e outras. Matéria, conceito amplamente ignorado pelos engenheiros de tráfego.
Dentre as propriedades da matéria, talvez a mais conhecida seja a da impenetrabilidade, que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Mas, a matéria tem outras igualmente interessantes, entre elas, por exemplo: a da extensão, que indica o espaço ocupado pelo corpo; a da mobilidade, que traz que o corpo pode ocupar outras posições espaços; assim como a da inércia, que ser refere à tendência do corpo se manter em repouso ou movimento, a menos que uma força oposta haja sobre ela.
Na ex-bucólica e atualmente transtornada cidade de Lauro de Freitas, os engenheiros de tráfego, profissionais supostamente competentes para lidar com o planejamento, a operação e o controle do trânsito, dão nova lição de que não aprenderam nada nas lições de física.
Por estar junto à Salvador, Lauro de Freitas tem uma vantagem e desvantagem. A vantagem é o vigoroso crescimento, sendo uma das cidades que mais cresce no Brasil. A desvantagem é conseqüência desse crescimento: mais gente, mais carros, mais confusão. Essa desvantagem não seria um problema se houvesse planejamento e ordem no crescimento da cidade. Mas, em Lauro de Freitas, isso é querer muito.
O exemplo atual do caos que está o crescimento de Lauro de Freitas é a recente mudança de sentido na Avenida Luiz Tarquínio. Tal avenida é um importante corredor que cruza praticamente toda extensão da cidade, sendo único meio de acesso a alguns dos principais bairros: Centro, Vilas, Miragem, Buraquinho, Jokey etc. Desde que a cidade começou a crescer, havia a necessidade de obras de infraestrutura para ampliar essa avenida ou direcionar seu fluxo de veículos em uma só mão.
A solução mais fácil é o direcionamento unilateral do fluxo da avenida. Mas, isso tem conseqüências e não pode ser adotado sem o mínimo de investimento e cálculos para ver se na direção pretendida o fluxo de carros (matéria) seria absorvido. Aparentemente, esses cuidados não foram tomados pelos engenheiros de tráfego de Lauro de Freitas.
Nesta manhã, o sentido adotado foi Vilas – Centro. O centro, que antes da mudança, já dava sinais de esgotamento nos horários de pico, amanheceu completamente mergulhado num mar de carros e ônibus. Resultado: ninguém sai e ninguém entra em Lauro de Freitas; escolas sem aluno; lojas sem vendedores; todos presos nos veículos.
Na manhã de muita buzina e irritação, onde os engenheiros demonstram desconhecer as propriedades da matéria, relembra-se a velha citação e Octávio Mangabeira: pense no absurdo, na Bahia tem precedente.
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