sábado, 24 de julho de 2010

Inauguração do Metrô de Salvador

Vocês podem até discordar, mas acredito que as principais qualidades do baiano são a irreverência e a tranqüilidade com que trata as coisas da vida. Como que todo tempero pode virar veneno, irreverência e tranqüilidade demais pode matar. O exemplo do vídeo é o caso: mais de 10 anos de uma obra super-suspeita. Será que terminará antes da COPA de 2014? Aposto que não.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Necessitamos de mais qualificação profissional


Certo dia, quando eu ainda trabalhava em uma cervejaria e era um dos responsáveis pelo setor de compras, aconteceu um fato que contribui para ilustrar o desafio que teremos de enfrentar para alcançar um ritmo de crescimento econômico sustentável: a qualificação profissional de nossa mão-de-obra e de nossos empresários.

Na ocasião citada, precisávamos comprar um painel de identificação para a entrada da cervejaria. O painel deveria cobrir toda a entrada por onde passavam caminhões, assim como teria de ser instalado a uma altura suficientemente alta para que os veículos carregados deixassem a fábrica sem nenhum problema. Após termos consultados vários fornecedores, um dos escolhidos para fazer um orçamento nos surpreendeu pelo despreparo com o serviço, com o cliente e, principalmente, com os seus funcionários.

Primeiro, apresentou-se inadequadamente na reunião, tentando estabelecer uma relação informa e permissiva. Qualquer comprador tecnicamente habilitado e ético sabe que o formalismo, o rigor às regras e a impessoalidade são as opções desejadas, principalmente por organizações sérias. Segundo, demonstrou total desprezo à organização e à higiene. Há quinze anos, quando eu era estagiário de uma companhia de petróleo, um de meus instrutores fazia questão em dizer que o banheiro de um posto de gasolina deveria ser impecavelmente limpo. Higiene significa saúde e satisfação dos clientes. No caso de nosso fornecedor de painel, no caminho entre o escritório e a entrada da cervejaria, onde deveríamos medir o tamanho do painel, ele jogou no chão da calçada um copo de água que acabara de usar. Abaixamos para pegar o copo e o colocamos no lixo. Nesse momento, observando o seu vacilo, ele comentou:

- Fornecedor: É! Aqui vocês têm essas frescuras de preservação do meio ambiente, né?

Terceiro, ignorou qualquer conhecimento acerca do serviço, das condutas de segurança, das relações humanas e da gestão das pessoas de sua empresa. Ao chegar ao local de instalação do painel, o fornecedor pediu a um de seus empregados que subisse numa escada para mediar a área de do painel. A escada que ele levara não estava em boas condições e o funcionário trajava roupas comuns e vestia uma chinela tipo havaianas. Ao começar a mediar a área, lá em cima, o funcionário ameaçou cair por duas vezes, pois a escada balançava muito e ele se esticava para alcançar os pontos de media. Ao ver a situação, informamos ao fornecedor de nossa preocupação com a segurança de seu funcionário. A resposta que obtivemos não fugiu à expectativa.

- Nós: Não parece perigoso? O seu funcionário pode cair.
- Fornecedor: Antes ele que eu!

A tragédia não aconteceu. Como também não aconteceu a contratação desse fornecedor. Infelizmente não são poucos os fornecedores e os prestadores de serviços que, desqualificadamente, propõe-se a competir no mercado. Quando a economia está desaquecida, há, de certa forma, uma seleção natural e os piores fornecedores são eliminados. Entretanto, quando a economia se aquece e permanece aquecida por algum tempo, esse tipo de fornecedor consegue sobreviver.

Estamos em um período de economia aquecida e de falta de mão-de-obra qualificada, seja ela do dono da empresa ou de seus funcionários. Recentemente envolvido em uma obra de um novo empreendimento, estou surpreendido com a quantidade de pessoas desqualificadas que estão no mercado ou que querem, a qualquer custo, entrar no mercado. Nessa recente experiência, acredito ter me relacionado com mais de 30 fornecedores diferentes. Destes, estimo que apenas dois corresponderam ao esperado: cumpriram ou entregaram o que venderam, sem qualquer efeito colateral. Todos os demais faltaram à expectativa: orçaram errado, entregaram errado, entregaram com defeito, demoraram para entregar, montaram errado, quebraram ou sujaram outras coisas para montar e por aí vai...

Solução? Educação e qualificação profissional. Não é por menos que o tema está em todos os programas dos principais concorrentes à presidência.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

E agora? Vamos trabalhar?


Frustrados, decepcionados e feridos, nós brasileiros voltamos à vida. Permanecemos embriagados e flutuando com a Seleção Brasileira desde sua chegada à África do Sul, em 27 de maio de 2010. De lá prá cá, já se passaram 35 dias de dormência nacional. Nesse período, tudo girou em torno da Copa. Mesmo sabendo que não tínhamos o melhor time que poderíamos ter, a esperança se misturou com a fantasia e ofuscou a realidade.

Quanto custa perder uma Copa? Ao terminar o jogo entre o Brasil e a Holanda, os locutores, amenizando a derrota, diziam: é apenas um jogo de futebol. Estão errados! Não é apenas um jogo de futebol. Ao menos, para os brasileiros a Copa não é apenas um jogo de futebol. O corpo, a mente, a alma e, principalmente, a economia brasileira giram em torno da Copa. As ruas são pintadas, a camisa canarinho é vendida como água, os cabelos são feitos para homenagear a Seleção, as bandeiras são hasteada em todos os carros, as fábricas produzem produtos específicos com as cores nacionais, músicas são criadas e por aí vai.

Mais que qualquer outro esporte, o futebol e o seu maior evento, a Copa, aglutinam os brasileiros. As famílias se reúnem, os amigos se encontram e os desconhecidos se confraternizam. Praticamente, é o único momento em que cantamos o hino brasileiro, mesmo que uma pequena parte dele e sem saber o significado de sua letra. A Copa é tão importante aos brasileiros que há quem acredite que ela pode decidir uma eleição presidencial. Provavelmente Dilma, com a economia aquecida e a uma Seleção vitoriosa, estaria mais confortável para enfrentar as próximas eleições.

A pergunta que fica é se o futebol e a Copa são tão importantes para o Brasil e para os brasileiros, como explicar a derrota para a Holanda? Primeiro, devemos considerar que não podemos ganhar todas. Segundo, que a Holanda fez uma campanha melhor que o Brasil nesta Copa. Terceiro, quem tem Felipe Melo no time tem uma bomba nas mãos e outra nos pés. Felipe Melo, que tem cérebro de minhoca, confunde garra com deslealdade e quer ser inteligente utilizando a força bruta. Alguém deveria soprar uma vuvuzela no ouvido dele. Aliás, seu nome deveria ser mudado para: Felipe “eu” Melo.

Entretanto, o principal motivo para termos perdido a Copa é, claro, o estilo Dunga de liderar. Aos líderes a glória da vitória – se vitoriosos – e o peso da derrota – se derrotados. Dunga fez uma aposta num estilo turrão, fechado e eclesiástico. Dunga fez de nossos craques anões eunucos sem inspiração e da clausura absoluta uma estratégia. Enclausurado, não se lembrou de olhar para fora, de conhecer os adversários. Em não conhecendo os adversários, Dunga não teve opção tática. Quando começou a perder, o Brasil não teve plano de recuperação, ficou imobilizado. Dunga não fez substituição, pois não sabia o que substituir.

Ao contrário dos canarinhos, a Holanda, mesmo sem brilho, sabia o que fazer. Foi surpreendida com um excelente primeiro tempo do Brasil, mas soube mudar seu time para o segundo tempo. Na etapa final, contando com a sorte, com o desequilíbrio de Felipe “eu” Melo e com estratégia imutável de Dunga, a Holanda estava com o queijo nas mãos e o tamanco nos pés. Só não marcou mais gols porque é também incompetente.

Fácil criticar depois do jogo? Como disse: ao líder o peso da derrota.

Neste dia cinza, resta ao Brasil voltar ao normal e concentrar no trabalho.

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