terça-feira, 17 de maio de 2011

A educação fast-food


Na semana passada, enquanto participava de um encontro sobre EAD na UFRN, uma das palestrantes surpreendeu a platéia com o cartaz ao lado: Educação não é fast-food. Trata-se de uma campanha do Conselho Federal de Serviços Sociais e da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Essa campanha – que, até o momento, é eficaz em chamar a atenção geral para a questão da oferta de cursos na modalidade a distância – compara a educação com a alimentação e associa a educação na modalidade a distância à alimentação típica da cultura do fast-food: rápida, gostosa, mas ordinária.

No site da campanha (http://www.educacaofastfood.com.br) se encontra a seguinte argumentação:

Já imaginou trocar suas refeições por um lanche rápido durante quatro anos? É exatamente isso que ocorre com quem escolhe o ensino de graduação à distância em Serviço Social.

A campanha Educação não é fast-food pretende mostrar essa realidade, comparando as aparentes facilidades do ensino à distância com um lanche rápido, mas pouco nutritivo. A agilidade desses cursos só pode ser garantida porque a graduação é realizada em condições precárias, como mostram os lanches usados na campanha. Com isso, professores e tutores não têm como assegurar as diretrizes curriculares do ensino, nem uma formação de qualidade.

Mais a frente, o texto focaliza sua ação:

(...) Assim, não são posicionamentos e atitudes políticas e institucionais fundadas no desconhecimento, na discriminação e no preconceito, e menos ainda são dirigidas aos estudantes e trabalhadores do Ensino à Distância. Na verdade, a campanha marca nossa discordância com a política brasileira de ensino superior e com a expansão que não garante o acesso democrático ao ensino, tampouco assegura sua qualidade.

Em outra página do site, são elencados os principais problemas da EAD:

Problemas de Estrutura

1- Carga horária
2- Bibliotecas
3- Avaliações
4- Debate em sala de aula
5- Estrutura dos Pólos

Problemas de Tutoria

1- Carga horária
2- Interação com os professores
3- Formação do tutor
4- Coordenador e supervisor registrados do CRESS

Problemas de Estágio

1- Supervisão acadêmica
2- Estágio real
3- Supervisão presencial
4- Plano de estágio
5- Formação qualificada

Não emitirei minha opinião sobre EAD, pois já a fiz em postagem passada. No entanto, carece registrar duas possibilidades da campanha: 1) a campanha é séria, pois visa à melhoria da oferta da educação superior, mas é ingênua, está fora do seu tempo e está desinformada, carecendo de bases científicas para justificar a não utilização da metodologia a distância; ou 2) a campanha não é séria, pois visa tão somente a retenção da expansão do ensino superior e à reserva de mercado para os profissionais de serviços sociais.

Caso a segunda possibilidade seja a verdadeira, é importante lembrar o exemplo da OAB, como estratégia mais eficaz para isto. Por outro lado, caso a primeira possibilidade seja a verdadeira, então a preocupação deveria ser estendida a qualquer modalidade de ensino, pois ideias como essa (www.clubeeducacao.com.br) se tornarão cada vez mais frequentes.

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