terça-feira, 10 de novembro de 2015

Manoela, Cláudia, Vanessa...



 














Costumavas me olhar admirado

Aparecias com frequência mais que estranha

Assumindo-me com mulher sem minha permissão

Procurando em mim algo que te faltava

Mas, os dias se passaram

E eu já não tenho mais nada de novo para te oferecer

Então, por que me procuras?

Por que ainda insistes?

Seria melhor pagar um programa

Servir-te noutros belos corpos

Lambuzar-te de fluidos, sem beijar

Satisfazer-te sem risco, nem compromisso

Para que não sintas o meu ranço

Nem o nojo que vem do gozo

Da pessoa que pensas que não te ama

Fujas de fingir que gostas

Contando os minutos para saíres da cama

Deixando para trás a minha carne usada

Vermelha, trêmula e suada

Procurando água para te banhares

E pasta de dente para aliviares

O gosto do fio de saliva que restou de meu beijo

Melhor é tu passares para o outro lado

Não repartas o pão com mais ninguém

Coma do que é dos outros

Esqueça essa carne que te provém

Mas, se é disto que tu gostas

Da perversão que é minha profissão

Da mistura de odores de meu cheiro

Da carne amaciada e cansada

Por satisfazer tantos esfomeados iguais a ti

Então venha e te entrega

Encha tua boca com minha volúpia

Toma posse sempre que possa

Reconquista essa terra usurpada

O paraíso úmido do meu ventre

Assume como tua essa puta

E deixa para os outros a dúvida

Do que eu faço de tão especial

Para abrires mão da posse e do ciúme

Compartilhando com tantos outros o que é teu

Mas, sendo feliz como mais ninguém



Imagem:www.aegis-education.com

terça-feira, 25 de agosto de 2015

As imagens e as redes sociais

As redes sociais, dinamizadas pela tecnologia da informação e por aplicativos específicos – como Facebook, o Instagram e o Youtube –, têm modificado a forma como as pessoas se comunicam e se relacionam nos últimos anos. Se, por um lado, estas redes potencializam a criatividade humana e sua forma de se comunicar, por outro, elas permitem a exposição de imagens impactantes, constrangedoras, invasivas e até repugnantes, em uma escala inimaginável. Nesse sentido, deveria haver limites para a publicação de qualquer imagem nas redes sociais?

Essa pergunta não é simples de ser respondida, pois envolve múltiplos aspectos e interesses divergentes, como: a liberdade de expressão; o controle de conteúdo ou censura; a individualidade e a privacidade; a segurança das informações e das pessoas; o uso de imagens com fins políticos ou econômicos; o direito de propriedade, entre outros. Além disso, há de se considerar que a imagem, ao ser divulgada, faz parte de um processo de comunicação complexo, que envolve um emissor, um receptor, um canal, um conteúdo, ruídos e os objetivos ou intenções da comunicação.

Um caso emblemático da capacidade que as imagens veiculadas pelas redes sociais podem gerar constrangimento e repulsa foi o do cantor sertanejo, Cristiano Araújo, morto em acidente de carro. Por um ato de bizarrice fenomenal, o cantor teve a imagem do seu corpo divulgada quando estava sendo preparado para o sepultamento. A divulgação foi supostamente feita pelos profissionais que realizaram o procedimento e ganharam as redes sociais, os noticiários e os inquéritos da polícia. Além do choque com a morte do jovem cantor, a população e, principalmente os familiares, ficaram horrorizados com as cenas e a falta de compaixão dos envolvidos no ato.

Outro exemplo é a divulgação de imagens íntimas de pessoas durante relações sexuais. Está cada vez mais comum escutar no noticiário casos de pessoas – principalmente de adolescentes do sexo feminino – que foram expostas a situações constrangedoras ao terem vídeos e fotos intimas publicadas na Internet. Estes são casos ainda mais complicados, pois muitos deles também estão associados ao crime de pedofilia.

Os exemplos são muitos, variados e sem fronteira: decapitação de prisioneiros pelo Estado Islâmico; bombardeio de escolas e hospitais nas disputas de territórios da Faixa de Gaza; explosões terroristas em mesquitas e locais turísticos; massacre de alunos, professores e funcionário em escolas dos Estados Unidos; ataques de tubarão em praias do litoral brasileiro etc.  Isso tudo apenas relacionando o conteúdo de fotos e vídeos.

Ocorre que nas redes sociais também proliferam e se espalham notícias e informações, muitas vezes confidenciais e igualmente devastadoras para os envolvidos nos assuntos tratados. Só é lembrar do caso do WikiLeaks – onde o governo dos Estados Unidos viu informações secretas suas serem noticiadas mundialmente – e, mais recentemente, do Ashley Medison – site que promove encontros amorosos extraconjugais e que teve seus dados ameaçados de se tornarem públicos por hackers

Esses casos e exemplos seriam suficientes para justificar a implantação de um controle ou limite para publicação de informações e, principalmente, de imagens nas redes sociais? Em minha opinião, não.

Parto do pressuposto que qualquer controle de informação ou censura é antidemocrática. É a imposição do certo ou errado feita por uns poucos para todos os outros e, quando o assunto é censura, toda desconfiança é pouca. Quem serão os iluminados que irão dizer o que o resto da população deve ou não ver publicado nas redes sociais? Quais serão os parâmetros de julgamento desses iluminados? Até onde será considerado aceitável ou não? Essas perguntas são cruciais, pois qualquer resposta a elas nos remeterá aos tempos ditatoriais, os quais o Brasil não quer reviver.

Entendo que, se há plena concordância entre o emissor, o receptor e o dono do conteúdo (imagem) a ser transmitido, não se precisa impor limites às comunicações. Qualquer discordância entre aqueles três agentes é passível de ações punitivas, reparatórias e preventivas. Punitivas, caso haja na imagem veiculadas ou no processo de comunicação qualquer infração à lei. Reparatória, caso a imagem prejudique de alguma forma o seu dono ou qualquer pessoa terceira, sem o seu consentimento. Preventiva, para evitar que casos semelhantes se repitam.

Nos casos descritos, se comprovada a culpa dos emissores, há de impor ações reparatórias para as vítimas e punitivas aos primeiros, com caráter preventivo, para servir de lição e aprendizado, objetivando que casos semelhantes não voltem a ocorrer. Isso quem decidirá será a justiça, munida de informações dos inquéritos policiais. Nunca uma banca de ilustres poderá, em uma sociedade democrática, ocupar o lugar do emissor, do proprietário e do receptor, decidindo por todos eles. Ao fim e ao cabo, nesse tipo de sociedade, eles (os responsáveis pelo processo de comunicação) são livres para escolher o que mostrar e o que ver, assim como responsáveis para assumir as consequências disto.

obs: imagem retirada do site:https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/05/15/evasao-de-privacidade/


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Páginas Viradas



Quantas páginas você já virou?

Quanta água já passou?

Quantas pessoas já ficaram?

Pelo caminho que você caminhou

A vida é um livro

Com páginas não numeradas

Com início bem marcado

E fim sempre incerto

Algumas páginas são bem compridas

Noutras só imagem

Fantasias e ilusões

Umas são bem concretas

E em muitas há bobagem

Têm aquelas muito boas

Que quando menos se espera já acabou

Há românticas e apaixonantes

E algumas para a sacanagem

Mas, têm também aquelas ruins

Páginas amargas

Cansativas e entediantes

Que por mais que se leia, insiste em prolongar

Letras, palavras e frases

Infinitas de acabar

Há as páginas marcadas

Que sabemos o que vai ter

Há, porém, as incertas

Em que tudo pode acontecer

Algumas páginas são marcantes

E nos fazem chorar

E têm aquelas eternas

Onde mora a saudade

E onde amor sempre estará

Em algumas delas nós dobramos suas pontas

Para sempre que preciso for, recorrer

São nossas marina, recife e farol

Delas só nos separamos

Para avançar na leitura

Explorar outras páginas

Até não haver mais página para ler

E você?

Quantas páginas você já virou?

E quantas vai virar?

A vida é um livro

De páginas viradas

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