quinta-feira, 2 de julho de 2009

Visita ao Parlamento

Eu estava um pouco relutante em aceitar aquela programação no meu último dia de visita à capital do país. Afinal, estava de férias, o dia estava lindo, a cidade oferecia inúmeras opções de recreação e visitação e a idéia de conhecer um parlamento fugia ao meu imaginário. Depois de muitas discussões, fui convencido pelo argumento de que a visita não duraria mais que uma hora e que era caminho a outro local que eu desejara visitar.

Cheguei ao parlamento ainda meio cético, prevendo que seria um tempo desperdiçado. O que teria de interessante num parlamento? Ao chegar ao local, tive que confessar que, externamente, o prédio era uma obra de arte. Realmente magnífico. Utilizei uma boa quantidade de tempo e cartão de memória da máquina fotográfica capturando imagens lindas que, ao menos, já compensariam a ida naquele local.

Para entrar no prédio precisava pagar um pequeno valor e esperar a formação de um grupo de visitação, uma vez que não era permitida a livre circulação sem a presença de um guia. O grupo foi formado e em meia hora estávamos sendo checados pela equipe de segurança, da mesma forma como acontece ao entrar numa sala de embarque de um aeroporto.

A guia, muito simpática, explicou que o parlamento era dividido entre o Chefe de Estado, o Senado e a Casa dos Comuns. O Chefe de Estado é o representante da monarquia e uma de suas principais funções é aprovar os senadores indicados pelo Primeiro-Ministro. O Primeiro-Ministro é o líder do partido com maioria na Casa dos Comuns. Esta Casa é formada por membros eleitos democraticamente pela população. A Casa dos Comuns tem esse nome devido sua origem francesa “communes”, ou seja: comunas ou localidades. A Casa dos Comuns é responsável pela elaboração e aprovação de leis, que também devem ser aprovadas no Senado. Na prática a Casa dos Comuns tem bem mais poder que o Senado.

Depois das explicações de ordem operacionais, a guia, no trajeto pelos corredores internos do parlamento, começou relatar a história do parlamento, que surgiu a partir de atos publicados pela monarquia em 1867. Ela enveredou pelas características da formação do parlamento, suas deficiências e as reformas que sofreu até os dias atuais. Falou um pouco da representação dos diversos territórios ou estados, assim como das minorias. Transmitiu um grande respeito por tudo que sucedeu historicamente. A cada parada no trajeto, ela explicava os porquês de cada coisa do parlamento: as cores das paredes, a formação dos vitrais, os móveis, as cadeiras, as bandeiras. O que ela queria transmitir – e, de fato, conseguiu – foi a mensagem que o parlamento era uma conquista deles, onde a vida de muitas pessoas tinham sido sacrificadas para formar o país, o povo e sua representação, e que eles defendiam aquele sistema a todo custo, pois era deles e para eles. Nessa altura do campeonato, eu já tinha esquecido completamente da visita posterior.

Já no final do percurso ingressamos na Casa dos Comuns e, depois, no Senado, onde nos foi explicado cada detalhe desses ambientes: quem sentava onde; quem comandava; como a sessão acontecia; os partidos; e os projetos mais importantes em pauta. Nossa guia também comentou que nem tudo eram flores, que havia muitas disputas e injustiças ainda por corrigir. Acabamos nossa visita numa lojinha de suvenir, onde eram oferecidos desde um simples chaveiro com as bandeiras do país até uma foto sua sentado na cadeira do Primeiro-Ministro.

Apesar de ser visitante e estrangeiro, sai do passeio com uma forte, estranha e inédita sensação de orgulho.

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