
Cheguei ao parlamento ainda meio cético, prevendo que seria um tempo desperdiçado. O que teria de interessante num parlamento? Ao chegar ao local, tive que confessar que, externamente, o prédio era uma obra de arte. Realmente magnífico. Utilizei uma boa quantidade de tempo e cartão de memória da máquina fotográfica capturando imagens lindas que, ao menos, já compensariam a ida naquele local.
Para entrar no prédio precisava pagar um pequeno valor e esperar a formação de um grupo de visitação, uma vez que não era permitida a livre circulação sem a presença de um guia. O grupo foi formado e em meia hora estávamos sendo checados pela equipe de segurança, da mesma forma como acontece ao entrar numa sala de embarque de um aeroporto.
A guia, muito simpática, explicou que o parlamento era dividido entre o Chefe de Estado, o Senado e a Casa dos Comuns. O Chefe de Estado é o representante da monarquia e uma de suas principais funções é aprovar os senadores indicados pelo Primeiro-Ministro. O Primeiro-Ministro é o líder do partido com maioria na Casa dos Comuns. Esta Casa é formada por membros eleitos democraticamente pela população. A Casa dos Comuns tem esse nome devido sua origem francesa “communes”, ou seja: comunas ou localidades. A Casa dos Comuns é responsável pela elaboração e aprovação de leis, que também devem ser aprovadas no Senado. Na prática a Casa dos Comuns tem bem mais poder que o Senado.
Depois das explicações de ordem operacionais, a guia, no trajeto pelos corredores internos do parlamento, começou relatar a história do parlamento, que surgiu a partir de atos publicados pela monarquia em 1867. Ela enveredou pelas características da formação do parlamento, suas deficiências e as reformas que sofreu até os dias atuais. Falou um pouco da representação dos diversos territórios ou estados, assim como das minorias. Transmitiu um grande respeito por tudo que sucedeu historicamente. A cada parada no trajeto, ela explicava os porquês de cada coisa do parlamento: as cores das paredes, a formação dos vitrais, os móveis, as cadeiras, as bandeiras. O que ela queria transmitir – e, de fato, conseguiu – foi a mensagem que o parlamento era uma conquista deles, onde a vida de muitas pessoas tinham sido sacrificadas para formar o país, o povo e sua representação, e que eles defendiam aquele sistema a todo custo, pois era deles e para eles. Nessa altura do campeonato, eu já tinha esquecido completamente da visita posterior.

Apesar de ser visitante e estrangeiro, sai do passeio com uma forte, estranha e inédita sensação de orgulho.
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