quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pérola da Corrupção

Viajando desde muito cedo da manhã, Agnaldo e a família vão em direção às praias de Pernambuco. Já passaram pela Bahia, Sergipe e agora estão em Alagoas, quando percebem pela frente uma blitz. Vendo a placa de outro estado, o oficial faz sinal para Agnaldo parar. Agnaldo para. O carro de Agnaldo está cheio, aliás, muito cheio: ele, a mulher, três barulhentas crianças, malas, comida, barraca de praia, brinquedos e muitas tranqueiras para entreter os moleques. O carro de Agnaldo também está muito sujo, além da poeira de barro e lama das estradas esburacadas, por dentro só se vê farelos de biscoito espalhados pelos meninos que não deram trégua a viagem toda. O oficial é rigoroso, aliás, muito rigoroso: vasculha primeiro os documentos; pergunta de onde vêm e para onde vão; verifica os pneus; observa os cintos de seguranças; faz sinal para Agnaldo testar os faróis e os pisca-piscas; confere o extintor; pede para a mulher de Agnaldo retirar a bagagem e mostrar o pneu de socorro e os acessórios de emergência; certifica-se da exatidão dos números do chassi... O oficial não desiste nunca: abre o motor para verificar o óleo; pergunta sobre a revisão; verificar mais uma vez os documentos do carro e do motorista. O oficial dá voltas e mais voltas ao redor do carro, sempre com uma cara de desconfiado. O oficial finalmente para na frente do parabrisas. Observa atentamente o parabrisas. Chama Agnaldo e diz:

- Está sujo. Aliás, muito sujo!

Agnaldo verifica e não encontra tanta sujeira. Explica que é devido à estrada e aos caminhões. Mas, o oficial também é perseverante:

- Veja toda essa poeira. Isso é muito ruim. Isso pode prejudicar a visibilidade e provocar grave acidente.


Agnaldo entende a mensagem e, chamando o oficial num canto, pergunta se uma “cervejinha” ajudaria a limpar o parabrisas. Prontamente e com um sorriso de satisfação, o oficial acena que sim. Agnaldo vai ao portamalas, demora um pouco procurando algo e volta com uma mão cheia à frente do barabrisas. O oficial, ansioso, espera a atitude de Agnaldo. Agnaldo não hesita, abre uma lata de cerveja quente e a derrama, com muita espuma, ao longo do topo do parabrisas. A cerveja escorre deixando tudo bem limpinho. Agnaldo entra no carro e segue sua viagem tranquilamente e com segurança.

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