quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O retorno do PMDB


Devagarzinho o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) ganha força, começa a tomar corpo e botar a cabeça de fora para disputar cargos importantes em 2010, inclusive o de presidente de república e de governador. Quem está acostumado com o PMDB sempre ao lado do poder – comendo pelas beiradas, mas não ocupando o cargo principal – pode ser surpreender com as próximas eleições.
O PMDB dá demonstrações de força local e nacionalmente. Aqui na Bahia, Geddel Vieira Lima emparelhou com Wagner (Governador) e, até o momento, vem ganhando batalhas importantes. Na disputa à prefeitura de Salvador, Geddel conseguiu o improvável: reeleger João Henrique, um dos piores prefeitos que Salvador já teve. Outra queda de braço aconteceu na eleição do presidente da União dos Prefeitos da Bahia (UPB). O PT já espalhava outdoors pela cidade com o nome de Luiz Caetano – prefeito de Camaçari, denunciado pela Operação Navalha da Polícia Federal –, mas foi subjugado pela vitória de Roberto Maia, peemedebista de Bom Jesus da Lapa.

Como Ministro da Integração Nacional, além da maluquice da transposição do Rio São Francisco, Geddel também está se destacando pela quantidade de recursos destinados à isenção fiscal de empresas instaladas no interior do estado. Isso, com certeza, influenciou no número de novos prefeitos do PMDB na Bahia. Na gestão passada, de 2005 a 2008, quem comandava eram os Democratas (DEM). Agora, apesar do Governo está com o PT, o PMDB é quem tem o maior número de prefeituras.

Nacionalmente, o PMDB é ocupa seis ministérios (Agricultura, Defesa, Integração Nacional, Saúde, Comunicações e Minas e Energia) e recentemente ganhou as presidências do Senado Nacional, como José Sarney, e da Câmara de Deputados, com Michel Temer.

O PMDB nasceu como oposição à Arena, durante o Regime Militar, e tem em sua história importância fundamental para a composição atual do sistema político brasileiro. Atrelado a sua constituição estão nomes como o de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Mário Covas e Franco Montoro e eventos como o movimento para o retorno da democracia e a Constituição de 88.

Ao longo do tempo o PMDB sofreu diversas influências e passou por diversas crises e momentos inglórios. Está ou esteve envolvido nos mais cabeludos escândalos políticos. Sem citar nomes, mas só para lembra: sanguessugas, mensalão, família garotinho, quebras de decoro parlamentar, fraude bancária, cassação de mandato parlamentar, fraude eleitoral, grileiros de terras, venda de sentenças judiciais, lavagem de dinheiro, formação de milícias armadas, corrupção ativa, evasão de divisas, facilitação de contrabando e muitas outras que podem ser consultadas em qualquer site de busca.

O Partido que nasceu para ser oposição e que deu origem a diversos outros partidos políticos, depois de Itamar – há quase duas décadas – vive na sobra do poder, sugando o máximo possível da máquina pública e se contentando com o papel de coadjuvante.

Na BAND escutei um comentário que resume a imagem do PMDB hoje: diz que na primeira missa rezada no Brasil, em abril de 1500, ao lado do frei Henrique de Coimbra já estava a figura de José Sarney.

Os números do PMDB são grandiosos: 7 governadores; 5 vice-governadores; 6 ministros; 20 senadores; 94 deputados federais, 170 deputados estaduais; 05 prefeitos de capitais; 1.308 prefeitos; 882 vice-prefeitos; 8.308 vereadores eleitos.
A aglutinação de lideranças que forma a base do PMDB, hoje, pode indicar uma possível mudança de papel e reposicionamento do partido no futuro próximo ou continuará sendo um gigante sem rosto?

Um comentário:

Jorge Amaral disse...

Pois é companheiro; e como publicou recentemente a Revista Veja: “...Esse vigor, somado à ausência de um projeto próprio de governo, transformou o PMDB na noiva mais cobiçada da próxima eleição presidencial...”.

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