segunda-feira, 22 de junho de 2009

Bomba de São João

Ah, não aguento mais! Com essa última, já são cinco vezes que vou ao banheiro. Não sei o que me aconteceu. Ontem à noite senti apenas um volume anormal de gases. Para aliviar a pressão intestinal, tomei um comprimido daqueles da moça da propaganda, que está numa festa, toma o bendito remédio, imediatamente sorrir e vai dançar com o “gatão” que a espera, despreocupada das consequências. Ou a propaganda foi curta demais e não mostrou os efeitos 5 minutos após a ingestão do medicamento ou, no meu caso, teve algo a mais. De fato, o comprimido resolveu a situação dos meus gases presos, libertando-os por cima ou por baixo, mas os efeitos e odores não foram nada agradáveis, nem daria para dançar sorridente.

Os gases foram o prelúdio de uma seguência de jornadas ao banheiro. Naturalmente, os sólidos primeiro, os líguidos por último. Nesse momento, estou na fase mais líguida da história. Contorcionismos a parte, é uma oportunidade de se ler um livro, resolver todas as palavras cruzadas que sobram, ler a Veja e, por que não, escrever esse blog. Mas, apesar do tempo de sobra para pensar, a pergunta fundante é a que fica sem solução: o que me aconteceu?
Cabe acrescentar que essa situação não se passa no meu recinto domiciliar, onde, descontados os incômodos revoltosos da barriga, estaria tranquilamente protegido dos olhares, observações, comentários e contribuições de terceiros. Na primeira vez que você vai ao banheiro, tudo bem. Na terceira, já atrai olhares. Na quinta, chegam os inevitáveis comentários. Acrescento ainda a complicada habilidade de aliviar ventos sem produzir som. Quando a bomba de São João explode no banheiro escuto os comentários vindos da sala:
- o coitado está se acabando!
- deve ter sido aquela codorna que estava muito oleosa.
- tenho aqui um comprimido para isso.
- de jeito nenhum, ele tem que aliviar tudo mesmo, não pode deixar nada preso.
Concordo com tudo, menos em colocar a culpa na coitada da codorna. A codorna, mesmo oleosa, não produziria isso tudo. Também não só foram codornas as comidas suspeitas que comi. Sabe como é? Quando você volta para a sua cidade, come com paixão as comidas de sua infância e juventude.
Antes mesmo da codorna, teve o pé-de-moleque, a canjica e o queijo manteiga, o qual é muito mais oleoso que todas as codornas juntas. Num passeio no centro da cidade, para comprar uns trecos eletrônicos com o meu irmão, foi irresistível, por exemplo, parar no Chope do Alemão, tomar chope (claro!) e comer linguiças e salsichas extremamente condimentadas e meladas na mostarda. À noite, no Parque do Povo, não pude evitar beber umas Cubas Libre e, de tira-gosto, castanha de caju, amendoim, arrumadinho e carde de sol com macaxeira cozida embebida de manteiga da terra.
No dia seguinte, mesmo com um princípio de ressaca, não pude dizer não a um convite do irmão para um farto churrasco regado a cerveja, cachaça de primeira qualidade (extremamente gelada, parecendo um licor), mais castanha de caju, ovo de codorna, farofa com bacon e queijo de coalho assado. Para completar a festa, depois do churrasco, também não pude negar saborear um guisado de bode feito pela sogra.
Como colocar a culpa na coitada da codorna? Tenho que me curar rápido, pois ainda faltam me oferecer uma buchada.
O melhor mesmo é contemplar o belo da situação. Bom São João para todos... e lá vou eu indo novamente...

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