quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tensão a bordo

Tem pessoas que gostam de aventuras e de correr riscos: voam de asa-delta; escalam montanhas assassinas; navegam em pequenos veleiros ao redor do mundo; saltam de bandjump; desvendam mistérios de cavernas submersas; embrenham-se em florestas a procura de índios canibais etc. Não sei se somos (eu e minha esposa) do tipo dessas pessoas. Apenas sei que somos irresponsáveis ou, no mínimo, cabeças-duras ao não modificar o destino de nossas férias.

No trabalho, uma colega minha me perguntou:

- Arturo, você vai sair de férias e vai para onde?
- Para um lugar bem perigoso. Respondi.
- Para o Iraque, o Iram...
- Não, para a Argentina.

Pois é. Estamos nesse momento a bordo do vôo GOL 1745, com destino a Buenos Aires, epicentro do avanço da Gripe Suína.

Tudo começou alguns meses atrás quando programamos nossas férias. Tivemos o cuidado de comprar as passagens, a hospedagem, os passeios turísticos e, até, um jantar com show de tango. Convencemos meu sogro e sogra a irem conosco. Também convencemos o meu irmão e minha cunhada.

Quando a onda de gripe estourou na Argentina, os primeiros a desistir foram os pais de minha esposa. Compreensível. Ficamos muito preocupados com nossa ida, mas calculamos tudo e vimos que haveria muito prejuízo se não aproveitássemos essa oportunidade. O problema é que tirar férias juntos é uma raridade que não pode ser desperdiçada. Falando com um e outro médico, ficamos um pouco mais calmos ao saber que essa gripe mata como qualquer outra.

Decididos que iríamos viajar, restou-nos tomar todas as providencias necessárias para evitar a gripe: fazer exercícios regularmente, alimentar-se adequadamente, ter boas noites de sono, tomar vitamina C etc. Também tivemos o cuidado de comprar a já caricaturada máscara cirúrgica, o gel desinfetante e a bala de gengibre.

Fomos ao aeroporto e tivemos uma primeira surpresa. Uma senhora foi impedida de fazer o check-in por estar com conjuntivite. Ficamos imaginando se isso ocorresse conosco na volta ao Brasil, se ficássemos impedidos de voltar por estarmos com conjuntivite. Nosso reflexo foi imediato: demos um passo atrás para evitar contato com a senhora.

Ao entrar na sala de espera tivemos outra surpresa. Meu irmão enviou uma mensagem de texto dizendo: não vamos mais. Claro que eu respondi a mensagem com outra desdenhando da piada. Ele ligou logo em seguida confirmando que não iriam, mas não dando maiores explicações. Como é que se pode desistir de uma viagem na hora H? Crocodilagem deles!!! Espero que tenham uma boa desculpa.

É impressionante como a sensação de tensão vai tomando conta do nosso juízo. Submetemo-nos à compra de uma máscara descartável por 6 reais e quando entramos na sala de embarque, ficamos distante da fila que se formava para embarcar no avião. Nosso objetivo era evitar aglomeração. Eu mesmo não sentei ao lado de uma senhora que aparentava estar com um pigarro forte. Rimos nervosamente quando, nessa fila que se formava, um rapaz tossiu fortemente no meio das pessoas. Imediatamente as pessoas que estavam ao seu redor se afastaram dele, que ficou isolado no meio do salão.

Entretanto, a situação de tensão mais hilária foi quando, dentro do avião em vôo, minha esposa, com renite alérgica, foi espirrando ao longo do corredor até alcançar o banheiro do avião. O olhar dos outros passageiros era de pânico.

Não sei como vai acabar essa viagem à Argentina, mas sei que, parafraseando Roberto Carlos, serão muitas emoções.

3 comentários:

Alice Senna disse...

Menino, que o sistema imunológico de vcs seja mais forte e que esse dia, mais especial que todos os outros, seja de muita alegria. Felicidades!! Bjss

Jorge Amaral disse...

Oi companheiro, como diria Moreno: saia desse "campo tenso" e vá para um "campo relaxado", saboreando um bom vinho ao som de um autêntico tango.

Rose disse...

Chefinho,
Quando você retornar estarei de quarentena. Boas férias.
Rose

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