sábado, 15 de agosto de 2009

Conselhos ao Secretário

Nesta semana, mais precisamente na última terça-feira (11/08/09) assumiu a pasta de Secretário da Educação do Estado da Bahia (SEC) o professor Osvaldo Barreto, da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Barreto substitui Adeum Sauer, defenestrado pelo Governador Wagner, após a gota d’água provocada pela tira do Chico Bento publicada pela SEC aos professores (ver figura).

A educação é reconhecidamente uma das principais, senão a principal, forma de superação de nossas mazelas e alcance de uma qualidade de vida melhor para todos os brasileiros. A importância da educação é tão grande que nela está envolvida, direta ou indiretamente, toda a população. É na educação que depositamos nossas esperanças da construção de uma sociedade mais feliz, solidária, saudável, segura e próspera. Por reconhecer essas e outras importâncias da educação, bem com prezar o professor Barreto, assumo o papel de Maomé atrevendo-me a escrever dez conselhos para a sua jornada.

1º) Faça a base para a próxima gestão. Pragmaticamente falando, o novo secretário não terá tempo para fazer grandes mudanças. Aproveite o tempo para conhecer bem a realidade “lamentável” de nossa educação e planejar as transformações para um possível segundo mandato do Governo Wagner. Não há ilusão na educação: qualquer mudança agora só surtirá efeito muito tempo depois. Acalme as bases, faça o diagnóstico e planeje a próxima gestão.

2º) Conheça quem está fazendo algo de bom na educação. Aproveite para viajar para alguns países como a Dinamarca e a Coréia do Sul. Vá também a alguns estados brasileiros como São Paulo e Acre. Recolha desses lugares suas experiências e o que pode ser aproveitado e intercambiado.

3º) Conheça as experiências do passado. Algumas dessas experiências são um verdadeiro fracasso (eleição para diretores, por exemplo). Entretanto muitas são muito boas e merecem um olhar atencioso. Nisto, não cabe ficar apegado às legendas partidárias. Se for necessário, agregue as idéias e os métodos e jogue fora os slogans dos partidos que os promoveram. Seja inteligente ao ponto de não querer reinventar a roda.

4º) Cerque-se de pessoas competentes. Não cometa o mesmo erro de seu antecessor. Recrute superintendentes no mercado, republicanamente. Não coloque ao seu lado, para te aconselhar, sindicalistas. O Brasil tem excelentes empresas e pensadores educacionais. Recrute sua equipe profissionalmente e não politicamente. Quem deve ser político é o secretário, o resto tem de ser profissional.

5º) Dialogue com a política o mínimo necessário. Política e educação não se combinam. Evite apadrinhamento e aparelhamento do Estado. Blinde as escolas e sua equipe da influência nefasta da política e dos políticos. Lembre-se de que escola é para ter aula e não movimento.

6º) Promova a autonomia administrativa, pedagógica e financeira das escolas. A educação acontece na escola e não no prédio da Secretaria da Educação. Nesse sentido, fortaleça a liderança do diretor escolar, repasse mais recursos para as escolas gerenciar, estabeleça contratos de gestão e defina, de maneira clara, os objetivos e metas educacionais que todos devem perseguir.

7º) Aplique todos os seus conhecimentos de administração e economia para diminuir e qualificar a Secretaria da Educação. A SEC deveria ter menos que 1/3 do tamanho que tem hoje. Faça um reordenamento da rede, pois existem muitos funcionários sem função (na SEC) e escolas sem funcionários. Também existem muitas escolas sem professores e professores sem escolas.

8º) Como bom economista, priorize os recursos “escassos” de maneira correta. Ou seja: dê prioridade à educação básica regular. Esse negócio de alfabetização de idosos e profissionalização de quem já não está na idade escolar pode ser politicamente correto, mas não tem tanto efeito para a sociedade quanto um bom ensino básico regular. Agora, nós não temos nenhum nem outro. Garanta a educação básica regular de qualidade e, depois, vá atrás do resto. Não inverta a ordem.

9º) Evite construir escolas. A demanda está, ano após ano, caindo. Escola nova é boa politicamente falando, mas não é isso que precisamos. Precisamos das escolas que já existem: reformadas, bem equipadas e com os profissionais necessários.

10º) Tenha foco permanente no aluno. Tudo que existe na SEC, DIREC e escolas é por causa dos alunos. Desenvolva em sua equipe um senso de missão em função das necessidades e desenvolvimento dos alunos. Não se perca em discussões que não contribuam com o aprendizado do aluno.

Com disse um amigo meu: deveriam erguer uma estátua em homenagem a Chico Bento na entrada do CAB.

Competência o novo secretário!

Um comentário:

Jorge Amaral disse...

Caro amigo Arturo,
Muito lúcidas e pragmáticas as suas contribuições ao novo Secretário e eu acrecentaria ainda:
a) Buscar um gradativa e consistente implementação de uma cultura de objetivos, metas e indicadores - factíveis, mensuráveis e desafiadores;
b) Desenvolver e aprimorar a capacitação da equipe de técnicos e gestores da Secretaria numa perspectiva de multifunção e com foco em competências, além da viabilização de um programa de saúde integral e qualidade de vida para a comunidade escolar;
c) Avaliar o modelo pedagógico da Rede de forma a privilegiar não apenas os conteúdos da matriz curricular, mas principalmente, uma Educação para a Consciência, ajudando o aluno a resgatar valores ético-morais fundamentais para a formação do caráter, desenvolvimento da qualidade pessoal e cidadania responsável.
Votos de grande sucesso para o Prof.Osvaldo Barreto e sua equipe.

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