sábado, 14 de março de 2009

Sexo frágil

Domingo passado foi o dia internacional da mulher, o que acaba por caracterizar o mês de março como o mês das mulheres. Inúmeras foram as mensagens na rádio, TV, internet e outros meios de comunicação que elevaram a auto-estima feminina e encheram o saco de todo mundo. A minha caixa de e-mail, por exemplo, estava entupida de tantas mensagens. E olhe que eu nem de perto pareço uma mulher. Mas, tudo bem. Por elas tudo vale a pena.

Além das mensagens, esse período também tem sido marcado por manifestações femininas ou feministas ou, ainda, terroristas mesmos. Muitas mulheres (a maioria), nesta época, resolvem protestar contra a falta ou pouca percepção masculina sobre os cuidados com a feminilidade das mulheres. Aproveitam para esfregar em nossas caras (dos homens) o fato de não percebermos o novo corte de cabelo ou não entendermos da necessidade de 5 pares de calça jeans. Humilham-nos ao nos classificar como bárbaros ou não-românticos, por não lembrarmos de comprar uma flor ou declamar um poema nestes dias.

As feministas, por outro lado, não ligam para nada disto. Aliás, detestam as barbies. Neste mês, esse grupo de mulheres quer afirmar que é igual ou pior que os homens. Deixam de usar desodorante; esquecem de depilar as axilas; chamam palavrão; usam calças largas, longas e sujas; e cospem no chão. Afinal, qual é o “probrema”?

Tem um terceiro grupo de mulheres que também ocupa espaço na mídia em março, são as terroristas de saia. Não são feministas, tampouco femininas. São alucinadas e alienadas. Um bom exemplo são as mulheres da Via Campesina, organização internacional de mulheres camponesas que na semana passada deu um prejuízo à Aracruz Celulose de quase 2 milhões de reais. Sem comentários!

Contrariando às expectativas do período, neste blog, não gostaria de defender os direitos da mulheres, enaltecer os dotes femininos ou alertar para a precariedade da condição da mulher no mundo. Afinal de contas, todos estão fazendo isso. Quero ir de contramão e chamar a atenção para um fato que poucos estão se apercebendo. Ao passo que as mulheres (de maneira geral) ganham mais espaço (e isso é bom), os homens estão se transformado no verdadeiro sexo frágil.

Há pouco, a ministra Dilma disse que ela não era “durona”, os homens ao redor dela é que eram meigos demais. Cada vez mais notamos que as mulheres, assim como a ministra Dilma, estão ocupando postos mais altos nas organizações. Não é novidade que o mundo coorporativo já se rendeu ao sexto sentido das mulheres. Em minha trajetória profissional tive mais chefes mulheres que homens, e os chefes mulheres que tive tinham “pintos” maiores que os dos chefes homens. Minha previsão é que, se continuar nesse ritmo, aos homens restarão apenas os postos de trabalho braçais. Ou seja, não haverá equilíbrio, haverá substituição.

Talvez isso se explique por alguns desses fenômenos que relatarei abaixo:

1) O homem estuda bem menos que a mulher. Por dificuldades no percurso, falta de apoio ou necessidades de trabalho, os homens abandonam mais a escola e levam mais tempo para concluir os estudos que as mulheres. O gráfico a seguir, obtido com dados do Censo Escolar 2005, revela a proporção de matrículas e concluintes entre meninos e meninas. A conclusão é que os meninos vão desistindo ao longo da escolarização. O reflexo disto, no ensino superior e na vida profissional, é óbvio.

2) Com o processo de urbanização que aconteceu aqui no Brasil, a mortalidade masculina na faixa etária entre 20 a 24 anos cresceu assustadoramente nos últimos 40 anos. Segundo o IBGE, em 1960 a chance de um homem jovem não viver até 25 anos era 1,1 vez maior que de uma mulher jovem, hoje é de 4,1 vezes. A explicação que se encontra para isso são as mortes por causas externas: homicídios, acidentes de trânsito, suicídios, quedas acidentais, afogamentos etc.. Em 2005, por exemplo, houve 1.003.005 óbitos e 12,5% deles (125.816) foram por causas externas. Entre estes, 83,5% (105.062) ocorreram na população masculina.

3) O homem que sobrevive além de 24 anos vive menos que a mulher. Em 2006, a esperança de vida ao nascer dos homens era de 68,5 anos, contra 76,1 anos das mulheres. A média brasileira (homens e mulheres, ficou em 72,3. Portanto, em média, as mulheres vivem 7,6 anos a mais que os homens. É quase uma década!

4) Além de viver menos, o homem vive pior. O homem tem quase duas vezes mais doenças infecciosas do intestino; seis vezes mais transtornos mentais; quatro vezes doenças imunopreventíveis; sete vezes mais doenças no fígado ou cirrose (isso não é novidade!); sete vezes mais lesões intencionais ou não; etc. No total, o homem tem duas vezes mais doenças que a mulher.

Quando me perguntaram se eu queria uma menina ou um menino como primeiro filho(a), não hesitei: menina.

Fontes:
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL202101-5598,00.html

http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/artigos/Mortalidade/apvp2.pdf
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tabuadevida/evolucao_da_mortalidade_2001.shtm
www.inep.gov.br

2 comentários:

Jorge Amaral disse...

Eu também não entro nessa onda midiática e nesse suposto barato reducionista de “Dia Internacional da Mulher”, a mulher não precisa de um dia específico, de uma data pré-estabelecida para ser lembrada. Essa dita homenagem acaba sendo um paradoxo porque e se constitui numa nova discriminação (resíduo patriarcal e machista), porque somente o dia 8de março? O que há de errado com o dia 15/03, 18/7 ou 21/11...? Penso que as mulheres, fortes e frágeis por natureza, preferem a sutileza dos ritos de passagem, sendo amadas dia após dia.

Alice Senna disse...

Não sei porque o Movimento educação para todos estabeleceu como um dos seus objetivos dar a mulher a mesma oportunidade de estudar que têm os homens. Não suporto esse dia...penso como Jorge, é mais um feito desse mercado para estimular o consumo e só faz marcar a cultura discriminativa que ainda vê a mulher como ser *incapaz*. Por isso que eu adoro o pensamento de Jung, principalmente quando ele nos revela que masculino e feminino coexistem nas pessoas. O homem pode ser muito mais intuitivo do que muitas mulheres e muito mais sensível tb. O que eu penso que precisa acontecer é todos terem oportunidades de estudar, de produzir, de ter uma vida digna. Bjs

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