segunda-feira, 27 de julho de 2009

Problematizando a avaliação 2 - Porque avaliar

Porque avaliar
Assim como existem uma grande variação do conceito de avaliação, existem vários propósitos para se avaliar, entre eles: conhecer, diagnosticar, acompanhar, selecionar, identificar, classificar, promover, reconhecer, julgar etc.


Na perspectiva do sistema de ensino, a avaliação se constitui num dos elementos centrais para o seu funcionamento. Pela avaliação são condicionados os fluxos de entrada, saída e passagens entre os subsistemas, classes e cursos; é estabelecido controle sobre os professores por parte dos administradores da educação; são definidas as mensagens e informações transmitidas aos pais e organismos de tutela; são constituídos elementos de gestão da aula, da disciplina e da motivação dos alunos; são fornecidos aos professores informações sobre a sua própria imagem profissional, bem como seus métodos pedagógicos; são estipuladas as funções de regulação do sistema; é estabelecida a articulação entre as características das pessoas em formação com as do sistema de formação; são legitimadas as políticas.

Para o processo educacional, os dois grandes objetivos da avaliação são a identificação de competências adquiridas – o que chamamos de avaliação formativa – e o julgamento de mérito para promoção do aluno – o que chamamos de avaliação somativa. Morales esclarece que a avaliação somativa é mais convencional, sendo constituída de exames finais que se aplicam aos alunos com o objetivo de verificar a situação de aprendizado de cada um e a nota que merece. A avaliação formativa, por sua vez, teria a finalidade de informar ao professor o ritmo de aprendizagem do aluno e, ao aluno, o conhecimento do seu próprio aprendizado.

Segundo Felini e outros autores, na área da educação, a avaliação vem se constituindo predominantemente como um instrumento de aprovação/reprovação, para se alçar ou não o saber e a ascensão social.

Os autores, amparados em Luckesi, argumentam que a avaliação na prática escolar, tem sido um mecanismo de conservação e reprodução da sociedade através do autoritarismo. Sendo a avaliação utilizada como forma de classificação e não como meio de diagnóstico. Neste sentido, a avaliação se torna um instrumento disciplinador, estático e bloqueador do processo de crescimento.

A avaliação deveria ser um momento de “fôlego”, uma pausa para pensar a prática e retornar a ela, como um meio de julgar a prática. Sendo utilizada como uma função diagnóstica, seria um momento dialético do processo para avançar no desenvolvimento da ação, do crescimento para a autonomia e competência.

A crítica dos autores rebate no professor e suas deficiências, que não estabelece o mínimo necessário a ser aprendido efetivamente pelo aluno, utilizando-se da “média” de notas, o que não expressa a competência do aluno, não permitindo a sua reorientação. O professor utiliza a avaliação como um mecanismo de controle e disciplina, retirando do aluno a espontaneidade, criticidade e criatividade, transformando-os em “cordeiros” de um sistema autoritário e antipedagógico.

[...] Os professores utilizam as provas como ameaça e tortura prévia, como um fator negativo de motivação. Os alunos são conduzidos a estudar, pensar e agir em função de uma nota e não pela obtenção do saber. O estabelecimento do ensino está estruturado com base nos resultados de provas e exames, assim a dinâmica do processo educativo permanece obnubilada pela supervalorização da avaliação centrada nas estatísticas das notas. (FELINI et. al., 2002)

Ao contrário do que se pratica com a “pedagogia do exame”, onde a avaliação é o centro das atenções – pelo “medo” que provoca nos alunos, a nota a expressão da qualidade e o erro o motivo para o castigo, os autores entendem que a avaliação e o resultado decorrente dela devem ser suportes para a compreensão do processo de ensino e aprendizagem do aluno.

Corroborando com os autores, Zacharias entende que a avaliação, no contexto educacional, tem assumido uma função de classificação, seleção, exclusão e, consequentemente, de punição dos supostamente “menos capazes”. Na escola, a avaliação acaba por influenciar o currículo como um todo (objetivos, conteúdos, metodologias, formas de relacionamento etc.).

A autora encontra na avaliação praticada pelas escolas um “ranço” positivista, ou seja: avaliação trabalhada unicamente como medida. Para a autora, a avaliação, nessa perspectiva, mais oculta do que revela e, desta forma, não deixa claro o que é fundamental para a aprendizagem do aluno.

O que significa em termos de avaliação um aluno ter obtido nota 5,0 ou média 5,0? E o aluno que tirou 4,0? O primeiro, na maioria das escolas está aprovado, enquanto o segundo, reprovado. O que o primeiro sabe é considerado suficiente. Suficiente para que? E o que ele não sabe? O que ele deixou de “saber” não pode ser mais importante do que o que ele “sabe”? E o que o aluno que tirou 4,0 “sabe” não pode ser mais importante do que aquilo que não “sabe”?

Acreditar que uma nota revela o rendimento do aluno e justifica a tomada de decisão de aprovação ou reprovação é, para a autora, tornar o processo de avaliação extremamente reducionista.

Ainda para Zacharia, a avaliação, para ser um instrumento diagnóstico, dialético e de identificação de novos rumos, exige um ponto de partida e um ponto de chegada para cada aluno, uma vez que o progresso só pode ser percebido se comparado com ele mesmo; o estabelecimento de, não apenas mínimos possíveis, mas sim, mínimos necessários; e a definição de critérios e procedimentos que ajudem ao aluno aprender e ao professor ensinar.

Um comentário:

Alice Senna disse...

Boa postagem Arturo. Bjs

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