quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cartão de Natal

Cantar... contar... e escrever a sua história. Foi assim, com essas palavras, que um homem, um senhor, um artista contador de histórias começou a entregar o mais inusitado cartão de natal que recebi.

Nossa equipe foi convidada para uma reunião com um fornecedor. Estávamos na sala de reuniões do conselho quando adentrou no ambiente um senhor magro, de olhos azuis claro e uma vasta e bem arrumada barba branca. Combinando com a sua estatura e porte físico, vestia um chapéu de pescador, de palha, uma bata branca com muitos detalhes bordados, um tecido parecido com cachecol, porém maior, que dava uma volta pelo seu pescoço e descia pelos ombros até a altura do joelho. Nos pés, apenas sandálias de couro que, pela aparência confortável, dava inveja em todos que estavam presentes na sala.

Com uma voz veludosa, o artista contou e cantou a história de um menino que, ao deitar para dormir ao relento, notou uma estrela que nunca havia notado antes. Essa estrela além de nova era diferente: ela se movia no céu, sumindo no horizonte da noite. Seguindo a estrela, iam três homens que, ao passarem pelo menino, perguntaram-lhe sobre o destino da estrela. O menino prontamente guiou os homens, os quais, em gratidão, deram-lhe uma pedra azul escuro.

Essa pedra não era uma pedra qualquer. Além de muito bonita, tinha poderes especiais. O menino, brincando com a pedra, logo percebeu que se a apertasse e fizesse um pedido, ele se realizaria. Seu primeiro pedido foi ter um bom prato de comida como jantar.

O menino ficou muito grato com o presente recebido e quis agradecer, mas não encontrou os homens que seguiam a estrela. Ele pensou que a única saída para isso era subir às estrelas e ver lá de cima para onde tinham ido os homens. Fez o pedido, apertou a pedra e ... zump! Lá estava o menino nas estrelas. Ele via que os homens tinham percorrido um longo caminho e alcançado uma gruta. Ao redor da gruta havia muitos animais e uma luz maravilhosa que saia lá de dentro. Decidiu descer à terra e ver o que ocorria lá na gruta. Fez outro pedido, apertou a pedra e ... zump! Lá estava ele dentro da gruta.

No pouco espaço que havia na gruta, estavam animais, muitos presentes e os três homens. Todos estavam confortavelmente ao redor de uma mãe com seu filho de colo. Maravilhado com a criança, o menino passou pelos animais, pediu licença aos homens e à mãe e começou a brincar com os dedinhos da criança, que respondeu com o mais belo dos sorrisos.

Ao saírem da gruta, o menino agradeceu o presente que tinha recebido e perguntou o que era e para que serviria aquela pedra. Os três homens explicaram que era uma pedra mágica e serviria para educar o menino e ajudá-lo a realizar o seu sonho.

- Meu sonho? Meu sonho é ser rei. Falou o menino.

- Nós sabemos disso. Por isso essa pedra vai ser importante para você. Viaje o mundo e aprenda as coisas. Quando você tiver respostas para quatro perguntas, volte aqui que você se tornará um Rei. Falaram os homens.

- Quatro perguntas? Quais são elas?

- A primeira pergunta é: quais são as três perguntas que devemos fazer todos os dias?

- A segunda pergunta é: qual é o melhor momento da vida?

- A terceira pergunta é: qual a pessoa mais importante do mundo?

- A quarta pergunta é: qual a função de um rei?

O menino agradeceu mais uma vez e saiu para a sua jornada. A cada pedido: zump! O menino foi ao Egito, ver a arquitetura e matemática dos faraós. Esteve na Índia para entender a riqueza dos marajás. Foi à China para descobrir os avanços do conhecimento. Esteve em Roma para compreender o poder. Em Atenas, para desbravar a filosofia e a democracia. Enfim, passou anos viajando e aprendendo.

Com 21 anos de idade, o menino retornou ao encontro dos três homens.

- Então, você já tem as respostas às perguntas? Perguntaram os homens.

- Sim. As três perguntas que devemos fazer todos os dias são: O que estamos fazendo da nossa única vida? O que estamos deixando que façam com a nossa única vida? O que estamos fazendo com a única vida das pessoas que passam pela nossa única vida?

- Muito bem. Mas, e as outras? Indagaram os homens.

- O melhor momento da vida é “agora”. Ontem já ocorreu. Amanhã ainda não existe. Vivemos num eterno e longo “agora”.

- Bravo! Exclamou um dos homens.

- A pessoa mais importante do mundo é aquela que está na sua frente, “agora”.

- Excelente! Continue.

- Por fim: a função de um rei é servir. O rei existe para servir ao seu povo.

- Muito bem meu jovem, agora você pode se tornar um verdadeiro rei. Por favor, aceite esse livro em branco para você contar a sua história. Propôs um dos homens.

Aceitando o livro e com um leve sorriso no rosto, o rapaz agradeceu pela última vez, devolveu a pedra mágica e sumiu no horizonte empoeirado

Poucas pessoas têm o dom de contar uma história que fica para sempre na memória e no coração de quem escuta. Isso aconteceu comigo nesse dia.

Seja feliz.

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